Quer entender o que está rolando?

  Valentina, 12 anos de idade

Algumas estão acompanhando de perto, outras não estão entendendo nada, apenas horrorizadas com alguns prints e comentários que estão rolando nas redes e nos sites, pois bem, vamos la.

  Na terça dessa semana foi ao ar no canal Band o programa MasterChef Junior, reality de culinária onde crianças são os participantes, após o inicio do programa começaram a surgir nas redes publicações criminosas e horríveis direcionadas a Valentina, uma criança de 12 anos, com comportamento e corpo de uma criança de 12 anos.

  Homens completamente ridículos e inconsequentes por não enxergarem Valentina como uma criança por ela ser "bonita demais" decidiram postar nas redes as seguintes coisas:

                   Tiveram mais alguns outros, mas não precisamos propagar ainda mais o horror.

Vamos deixar bem claro que uma criança da idade dela perante a lei, nunca pode ter relação sexual consensual porque não pode tomar esse tipo de decisão, sendo assim qualquer ato dessa natureza é estupro, o que esses caras estão fazendo nada mais é que colaborando com a cultura do estupro, um crime tão infiltrado nessa sociedade que certas pessoas acham comum esse tipo de atitude. Isso porque as pessoas acreditam que a menina amadurece mais rápido - mas isso só acontece porque desde cedo lhe é dada tarefas domesticas, ou responsabilidade dos irmãos, vão ao mercado, substituem o papel da mãe em muitos casos (é uma construção social e não um amadurecimento biológico) -  fazem na acreditar que é melhor se relacionarem com um homem mais velho, a hipersexualização em campanhas publicitárias, etc.

 Enfim, é possível ler melhor nesse link, um texto escrito pela Carol Patrocínio que ressalta: 

"O desejo é responsabilidade de quem o sente e não de quem o desperta. Quando um adulto sente desejo por uma criança é ele o culpado por ir contra uma norma social que protege a infância, a integridade e o corpo de uma incapaz (de acordo com a lei). Porém é muito simples inverter esse raciocínio ao dizer que a menina já tem em si a sexualidade de uma mulher, que ela usa roupas provocativas e que pede atenção masculina. Com essa ideia o homem torna-se a vítima de uma “destruidora de lares” que ainda brinca de boneca, apesar de ter sim sexualidade, ainda que muito diferente da de uma mulher adulta."

  Com tudo isso acontecendo o coletivo feminista Think Olga lançou uma hashtag #PrimeiroAssédio, onde milhares de mulheres compartilharam com coragem a primeira vez que foram abusadas ou assediadas e a maioria foi na infância e adolescência. 

Chegou nos Trendings Topics do Twitter

É possível ler mais aqui sobre essa campanha maravilhosa. <3

  E hoje o machismo se revoltou contra tudo isso, não aceitou ficar por baixo e tentou ridicularizar essa campanha: 

  Eles acharam que humilhar as mulheres, xingar e serem imaturos, calaria a voz delas, mas nada disso aconteceu, muito pelo contrario, a hashtag vem aumentando,  sites vem incentivando pessoas a denunciarem perfis e publicações como essas. 

  Muitas outras coisas estão acontecendo, mais mulheres estão se mobilizando, a cultura do estupro tem que acabar de uma vez por todas, a sexualização das nossas meninas tem que acabar, a culpa da vitima tem que ser retirada, varias coisas precisam ser feitas e só nós mulheres nos unindo pra fazer tudo isso acontecer. 

Padrões cansativos no feminismo

 Demorei mas voltei e com um assunto bem curioso que na minha opinião é meio confuso, por isso passei dias refletindo sobre e cheguei a mesma conclusão de sempre.
  Outro dia recebi uma inDIRETA de uma garota dizendo: "É feminista mas namora um homem, está grávida dele e vai se casar? Sei..." bom eu queria ter sido grossa mas por se tratar de outra mina, preferi explicar algumas coisinhas pra ela. 1- Existem vários tipos de feminismo e de feministas, eu não sou radical e curto muito pegar homem sim, principalmente o meu que não é um babaca e respeita minha luta; 2- Estou grávida e se sua intenção foi citar o aborto, continuo a favor sim, porém minha escolha foi essa, continuar gravidíssima esperando meu garoto nascer; 3- vou me casar porque quero, não porque estou grávida mas sim por amor e por acreditar nessa união, isso não interfere nos meus princípios e nem na minha luta, muito pelo contrário, ter um lar com opiniões diferentes mas onde o respeito e o dialogo prevalecem será muito importante para meu filho desenvolver seu senso critico e aprimorar o nosso.
  É muito complicado quando essas coisas acontecem, eu obviamente não me senti abalada com essas questões que a garota levantou, eu tinha a resposta certa, mas fico pensando o que da na cabeça de alguém ser tão invasivo ou achar que a pessoa lhe deve satisfações sobre as escolhas de sua vida? Confesso que não tenho muita paciência pra isso, mas ok!
  Outra coisa que vivenciei esses dias foi ser criticada por usar maquiagem diariamente, sim eu uso e amo e não sou menos feminista por fazer isso, eu não preciso de maquiagem para sobreviver mas eu gosto de consumir porque me sinto muito bem quando estou maquiada, mas me amo sem maquiagem também então eu decido quando usar ou não, não sei de onde tiram essa ideia que feminista não pode se maquiar, se preocupar com a beleza e tudo mais, acho que as pessoas invertem as coisas, somos a favor do amor próprio e isso vem através de nos sentirmos bem com nosso corpo e aparência do jeito que são, e se não são do jeito esperado não custa nada dar uma mudada ou uma melhorada em algo, claro que não devemos ser reféns disso tudo, mas se você gosta, pode sim. Ja ouvi algumas amigas serem criticadas por se depilarem, por usarem sutiãs, por alisarem o cabelo, por isso ou aquilo e aiaiai que coisa cansativa, cada uma faz o que bem entender com sua vida e seu corpo e pronto, o principal ponto do feminismo é a liberdade e querer impor padrões para quem segue essa luta é ser contraditória, cada uma é feminista do jeito que mais lhe cabe e fim.
  Isso fica parecendo quando uma pessoa é julgada pela roupa ou por qualquer outra coisa que seja mais notável e não pelo que realmente é, isso é muito clichê eu sei, tão clichê quanto desrespeitoso, onde foi parar o "meu corpo, minhas regras?'???