sábado, 22 de agosto de 2015

Sol

  É manhã de segunda e parece o mesmo dia de ontem, as pessoas costumam reclamar dela por marcar o fim de belos domingos e iniciar uma semana cheia de coisas a se fazer, chefes estressados, trânsitos insuportáveis e essas coisas que jovens e adultos enfrentam diariamente.
  Mas eu estou aqui sentada na minha cama de janela aberta sentindo o sol esquentar meus pés e só pretendo me levantar quando essa luz tomar conta de todo meu corpo, não tenho pressa alguma o que tenho é tempo. Não trabalho, não estudo, não faço nada de útil pra sociedade ou talvez eu faça e nem esteja sabendo, muito ajuda quem não atrapalha e sou uma pessoa a menos na fila, no ônibus, na vaga de emprego, na sala de aula, estou ajudando alguém a estar no meu lugar não estando e tudo bem o sol ainda bate nos meus joelhos, não vou sair.
  Já fui correria, hoje sou calmaria e desemprego, nunca desespero, sempre sem dinheiro. Relembro os dias em que me apertaram no metrô, do velho tarado que tentou se encostar em mim, da fila pra carregar o bilhete do ônibus, do alvoroço no fundo da sala de aula, da fumaça que saia dos carros na marginal e estico as costas tranquilamente, estou sozinha e segura em meu quarto com o sol alcançando agora minhas coxas e cintura, ele se move rápido quando lhe damos atenção necessária.
  Tenho algumas idéias legais e umas roupas pra lavar, uma carteira vazia e umas contas a pagar. Todos tem seu momento, acredito, esses dias de vazio e tédio não irão me tirar do sério e quando isso estiver pra acontecer eu vou me deitar e dormir não me importando com as horas, eu tenho tempo.   Tenho tempo pra continuar aqui mesmo depois que o sol me cobrir por inteira, ele ja está quase em meus ombros.

  Os cachorros do vizinho talvez sejam o único motivo do meu ódio, não exatamente eles, mas os vizinhos que os deixam presos e saem para suas vidas corridas, os cachorrinhos sem culpa e sem parar latem desesperadamente para se soltarem, e os donos voltam de tardinha pra casa, presos em suas rotinas mal olham seus cachorros presos no quintal e isso me deixa mal, os latidos penetram em meus ouvidos como lanças, mas eu não posso fazer nada além de fechar os olhos, a luz do sol está no meu rosto, me da sono, preguiça, me faz relaxar, eu não tenho pressa de me levantar, eu tenho tempo pra ficar e deixar que me aqueça.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015


Largou a carreira de modelo por causa do assédio sexual

  Não é comum ver um tipo de notícia como essa onde a mulher deixa sua carreira bem sucedida por conta de assédio, o assédio acontece sem sombra de dúvidas, porém nem todas tem a coragem de denunciar ou até mesmo abandonar seu trabalho por contar de vergonha, dependência da renda que traz e se submetem a tudo para não perderem seu lugar. 
  Cara Delevigne é uma modelo britânica e no auge de sua carreira resolve abandonar sem medo algum, é linda essa atitude dela por ser uma figura pública e exemplo para outras meninas que estão começando agora, ela encara de frente e busca outros caminhos para dar continuidade a seu trabalho, como atuar. Por traz desse belo rosto e sobrancelhas marcantes, Cara é uma jovem que sofreu com sérios problemas psicológicos por conta do alto nível de estresse e uma doença chamada psoríase que causa lesões avermelhadas e descamativas na pele, ela conta que não se achava bonita e odiava seu corpo e sua aparência mesmo sendo uma das modelos mais aclamadas dos últimos tempos. 
  A pressão do trabalho e o assédio que sofria a impulsionaram a tomar a decisão de abandonar tudo, mas não foi só isso, ela mesmo ainda não sendo ativista é feminista e isso trouxe uma certa coragem pra ela reconhecer o que estava acontecendo, denunciar e se afastar dessa sujeira toda.


  Ela também diz na entrevista que alguns fotógrafos só entram na moda pra se aproximarem das garotas (que feio, hem?!), eu fico imaginando como devem se sentir essas modelos mais jovens, eles as tocam para mudar de pose, ordenam o tempo todo como elas devem agir, algumas vezes estão com poucas roupas em ensaios mais sensuais e os próprios profissionais as assediam deixando de lado todo profissionalismo e as fazem se sentir menores. 

Cara Cara, você está de parabéns e que seu exemplo sirva para muitas outras.









quinta-feira, 20 de agosto de 2015


Falsa Comunicação ou Revenge Porn?

"A ex-namorada acusa Bernardo de ter divulgado vídeos íntimos do casal. As imagens circularam em redes sociais e no Whatsapp. Patrícia foi à polícia registrar o vazamento e disse acreditar ter sido "Bernardo o divulgador do vídeo". Na época, o meia também fez um registro, como vítima."

  Não é de agora que o crime de revenge porn tem sido cada vez mais frequente, mais mulheres estão sendo expostas e ainda são culpadas por isso (enquanto o ominho se faz de vitima),o problema é que ninguém tem levado a serio, muitas estão em processos na justiça contra esses criminosos a muito tempo e sem resposta, ou como no exemplo acima, o caso é registrado como "falsa comunicação", ou seja, um crime de menor potencial ofensivo onde o acusado não ficaria preso, por ser uma pena pequena se reverteria em prestação de serviços.
   A policia tem gravada um conversa dele com a namorada onde ele afirma ter enviado "sem querer" o video para um amigo, detalhe o amigo não foi citado em nenhum momento, e que desconfia que ele tenha espalhado nas redes, isso não existe, ninguém manda algo tão intimo assim sem querer. 
  Esse jogador ja foi acusado também de agressão a mesma mulher que no registro de ocorrência conta que levou socos, pontapés, foi xingada e ameaçada por ele, a justiça tomou uma medida protetiva de afastamento dele sobre ela e também de comunicação. Oi? O cara bate na mulher e eles simplesmente acham que afastar ele é o suficiente? Sim, porque na cabecinha machista deles, ela quer se aproveitar ou então tirar dinheiro dele, tanto no caso de agressão quanto no caso da revenge porn, ok, então me expliquem o exame de corpo de delito onde a agressão foi confirmada, porque não acho que ela ia pedir pra ele espancá-la no intuito de tirar o dinheiro dele e ele ainda aceitar essa proposta, não faz o menor sentido. 
  Infelizmente enquanto assistia essa reportagem na televisão, ouvi comentários ofensivos e contra a moça, vindo de mulheres, gente por favor, vamos repensar, uma mulher não continua com um agressor porque gosta de apanhar, esse tipo de pensamento é razo e ultrapassado, existem muitos motivos tanto emocionais quanto físicos para que ela mantenha a relação, ela também não é uma vagabunda por deixar ele gravar um momento intimo entre eles, ela é VITIMA, não temos nem certeza de que ela sabia da gravação e mesmo que tenha aceitado gravar, acreditou que isso era um segredo entre eles e que ele divulgou, a culpa não é dela, não foi ela que mentiu e nem é ela que continua mentindo, afinal o video estava com ele e não com ela.
  É muito importante que as mulheres se conscientizem e denunciem qualquer tipo de agressão e abuso. As denuncias podem ser feitas pelo numero 180, nas delegacias da mulher, que embora pareça não ser muito eficaz, mas quanto mais registros forem feitos, os governos que tem estimulado a criação de políticas publicas visando propiciar suporte jurídico a mulher conseguem mais embasamento para que novas leis sejam criadas. E uma outra opção também é buscar apoio em outra mulher, por isso não devemos julgá-las em nenhuma circunstancia, o mundo todo ja faz isso por si só.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Continuação do relato

  E mais uma vez eu fui fazer a boa, acolhedora e cheia de amor por ele, foi a primeira vez que o vi chorando e que ele agradeceu por eu estar ali e depois de muito tempo sem falar isso, disse que me amava, eu cai de amores novamente e voltei a visitá-lo sempre. Nessa altura amiga minhas ja sabiam do relacionamento, minha familia desconfiava, chegavam ruidos de que eu corria perigo nos ouvidos da minha mãe, mas eu negava tudo e dizia que era bom cada uma cuidar de sua propria vida. As coisas foram piorando, ele foi ficando cada vez mais agressivo, não chegava a me bater, mas vivia nervoso com tudo. Um dia ele bateu tanto no irmão mais novo que de alguma forma perfurou o baço dele, eu não estava mais gostando do que estava acontecendo, ele se drogava e bebia demais, chegava caindo altas horas em casa e eu ia visitá-lo pela manha e o via caído no beco. Não queria essa vida pra mim.
Resolvi de uma vez por todas deixá-lo, foi um pesadelo, ele me mandava mensagens de ameaça, mandava os amigos me darem recados se me vissem na rua, foi um caos, eu não aguentava mais, o meu medo era tanto que eu nem queria sair de casa sozinha, cheguei a vê lo sentado em frente a minha casa de noite, varias vezes, eu ficava olhando da janela escondida, uma vez ele mandou uma amiga minha me chamar mas eu não estava em casa. Ainda bem.
  Não deu nem um mês e a mãe dele (que apesar de ser gente boa, achava que eu era babá do filho irresponsável dela) me ligou pra falar que ele estava no hospital internado, que havia caído do terceiro andar da casa deles, com ar de quem queria que eu fosse visitá-lo, desejei melhoras e não fui.   Ele quebrou a perna e se machucou bastante, mas sobreviveu e logo teve alta, me mandou uma mensagem com chantagens emocionais, dizendo que precisava me ver e conversar comigo, que não ia tentar me beijar e nem pedir pra voltar, ele precisava de uma amiga, depois de ter certeza do que ele dizia eu fui la, mas num dia péssimo, estava um alvoroço no beco, os familiares dele pareciam aflitos, a mãe dele veio ao meu encontro dizendo que o fulano tinha enlouquecido, bebeu demais, estava quebrando tudo e ainda queria que eu subisse pra acalmar a fera, eu estava com medo mas o jeito que me olhavam, como culpada de tudo o que estava acontecendo com ele, (culpada por não querer mais ser submissa a ninguém, só se for) eles me olhavam como se eu tivesse que resolver, afinal para eles fui eu quem começou tudo isso quando resolvi terminar com ele.
  Foi terrível, cada degrau que eu subia, ouvia mais estrondos de coisas sendo jogadas, gritos dele com uma voz embargada e ao mesmo tempo enrolada, como um bêbado mesmo. Quando ele me viu veio me abraçar chorando e eu asssustada me esquivei e então ele começou repetir feito um louco: -Você está com medo de mim amor? Eu te fiz alguma coisa? Está com medo de eu te machucar?  - eu fiquei sem reação, até que ele disse “Eu só tenho duas balas na arma” Eu comecei a chorar, pensei que ele fosse atirar em mim e depois nele, começou a me contar que ele não caiu do terceiro andar, ele se jogou e ainda por minha culpa, porque eu o deixei. Chantagista. Eu até acreditei, mas me mantive firme, comecei a conversar com ele, o sentei na cama, suas mãos sangravam porque ja tinha dado murros na janela e quebrado os vidros e o espelho, ele suava e o suor se misturava com lágrimas, o cheiro de álcool era muito forte, ele estava com as roupas rasgadas, quando consegui que ele ficasse quieto e deitado na cama, disse que ia descer pra buscar agua, peguei o telefone e liguei para um pessoal que cuida de pessoas viciadas aqui do bairro, eles vieram imediatamente e subiram ao encontro dele, ele xingava e jogava mais coisas, não parecia aceitar ajuda e gritava meu nome, a mãe dele percebeu que era arriscado (finalmente) e disse pra eu não subir mais la e eu fui pra casa, sem saber se ele se recuperou ou não. Eu fiquei pensando nele por dias, comecei a me sentir profundamente culpada mesmo sempre tentando ajudar.

  Hoje em dia acho que ele está bem, nunca mais o vi, só encontrei membros da família dele algumas vezes mas não tive coragem de perguntar sobre, sua mãe uma vez me disse:- Ele arrumou uma mulher de fibra, que colocou ele na linha. Eu me senti péssima, a verdade é que depois desses surtos dele ele se acalmou, o pai dele o levou pra morar em outro lugar e quando ele voltou ja estava mais tranquilo e ai que ele conheceu a atual namorada dele, ela sendo mulher de fibra e eu não, não faz diferença alguma, ele nunca foi responsabilidade minha, e nem é dela. Minha resposta foi simples: - Ele tem que entrar na linha sozinho porque a muito tempo deixou de ser criança, não responsabilize ela pelo seu filho.  

Meu relato de relacionamento abusivo

Antes de começar com teorias e dicas, prefiro compartilhar o meu relato, foi justamente o que aconteceu comigo e tenho visto se repetir por ai que me levou a escrever a respeito. O texto é meio grande por isso será publicado por partes.

  Eu tinha mais ou menos 15 anos, me envolvi com um garoto de 17, só era mais velho e maior porque era mais imaturo que meu irmão mais novo. Nos conhecemos pela internet, ele era do meu bairro mas como eu havia me mudado recentemente e onde eu morava era mais reservado, não conhecia muita gente e quase ninguém me conhecia. Azar o meu.   Virava noites conversando com ele e durante o dia sonhava em encontrá-lo, até que marcamos, ele me convenceu a cabular o curso que eu fazia (eu nunca havia cabulado por nada) e o encontro foi na casa dele, eu me arrisquei cegamente, nem sabia se ele era um garoto mesmo ou se era um cara mais velho, estuprador, maníaco sei la.
  Cheguei na rua e la estava ele, sentado na porta de casa me esperando, bem mais alto do que eu pensei, menos bonito também, mas eu ja estava apaixonadinha então não fez a menor diferença. A familia dele estava me esperando, morri de vergonha, eram pessoas legais mas eu mal conhecia ele e foi uma barra ter que conhecer todos de uma vez, mas deu certo e no mesmo dia subimos pro quarto, perdi a hora de voltar pra casa, la não tinha sinal no celular e minha mãe ja tinha tentado me ligar muitas vezes. Ja estava escuro, eu não sabia muito bem andar por la e ele me acompanhou até o final da rua dele, nos pegamos mais um pouco e sai correndo pra algum lugar que tivesse sinal pra eu ligar pra minha mãe e dar uma desculpa.
  Os dias foram passando e eu descobri que ele era o “famosinho da quebrada”, era Dj e todos queriam ter atenção dele, ai eu me achei, me senti a famosinha também e a poderosa (inocente), nós mal saíamos juntos, ele não me convidava no inicio e eu não podia ficar bobeando com um cara na rua sendo que minha família não o conhecia, ele não estava muito afim de conhecê-los também e eu não estava segura de fazer isso, mesmo perdidamente apaixonada.
  Com pouco menos de 3 meses ele queria que tivéssemos algo mais intimo, mas eu era virgem e morria de medo, eu não confiava nele de verdade e sonhava em perder minha virgindade com alguém digno pelo menos da minha confiança, não sei bem porque eu não confiava nele, ate esse momento ele não tinha me decepcionado em nada, mas era minha intuição falando super alto. Até tentei, mas não rolou, não consegui ter a relação e tentamos por uns 3 dias e ele ficou furioso, parecia um bicho no cil, louco. Eu fiquei com medo. E muito mais tempo passou, ficamos juntos por quase 2 anos, nesse relacionamento escondido, porque o que eu havia descoberto dele me envergonhava e não tinha coragem de levá-lo em casa, e também eu estava tão desnorteada que nem parecia que eu tinha família, eu me isolei deles e das amigas e amigos. Eu notei que ele não havia mais tentado me levar pra cama, nem as brincadeirinhas estavam acontecendo, e comecei a desconfiar de possíveis traições, afinal o cobiçado do bairro sempre tinha uma ou outra dando mole, das poucas vezes que saímos do quarto dele juntos, deu pra perceber. Ele so me apresentava para os amigos de trabalho mesmo porque eles ficavam todos no estúdio que ele tinha em casa, até um deles me dar uma cantada e ele quase derrubar a casa encima do menino, eu me achei muito mais por isso, me fiz de frágil para que ele me defendesse e ele me defendeu quebrando a cara do outro (que absurdo). Ele vivia com roupas novas, tênis, bonés e as vezes me dava uns presentes legais também, não eram coisas que eu compraria normalmente, meu estilo sempre foi mais conservador, e ele e comprava uns vestidos apertado, shorts curtíssimos e eu usava, afinal eram presentes, mas eu só usava quando ele estava comigo, ele “tinha ciúmes até da roupa que eu usava” (quem nunca ouviu uma mina dizer isso?) eu me sentia amada, protegida e desejada por ele, mas ele não estava mais trabalhando como Dj, os jobs estavam parados  segundo ele e que estava procurando um emprego normal pra ser registrado e comprar nossa aliança (OK, ele gastava rios de dinheiro em roupas caras sem ter trabalho e não tinha grana pra comprar nossa aliança? Eu não pensava direito, só pode ser).
  Foi então que passei o dia todo na casa dele e ele na rua com os amigos e acabei dormindo ate de noite, acordei com ele entrando rápido no quarto batendo a porta e me acordando, pediu pra que eu vestisse uma blusa dele e colocasse uma garrafa por dentro dela e o seguisse, eu fiquei perguntando o que era até que ele apertou o meu braço e disse “Só faz o que eu to mandando”, desci e o segui calada, assustada. Quando saimos da casa dele e chegamos num beco escuro, ele pediu pra que eu entregasse a garrafa e me disse que era lança perfume, eu surtei, comecei a brigar com ele, eu sempre fui totalmente contra esse tipo de droga  e ele me interrompeu dizendo “É assim que eu me banco e você só tem que ficar de boa, não esta usando, só vai me ajudar quando for preciso, não precisa se desesperar...bla bla bla” me acalmei e aceitei, fiz isso outras vezes, maior burrada da minha vida, ele era traficante por isso essa fama toda, ele estava me usando pra carregar as drogas dele e eu ainda levei numa boa, eu não podia deixar ele sozinho, se algo não saísse conforme os planos ele poderia ser preso ou perder alguma coisa e acabar se dando mal, eu tinha que ajudar, não podia perdê-lo.
  E mais tempo passou, nós nunca tivemos relação sexual, ele não me procurava e nem tentava, se eu não aparecia na casa dele, não o via, ele nunca vinha atras de mim, e quando eu ia la, ouvia um monte dele, quer dizer, se ele estivesse num dia bom era recebida bem, se não, ele esbravejava e dizia que não ia ficar me procurando e que era obrigação minha ir na casa dele, afinal alguém tinha que cuidar das coisas dele, a família dele sempre foi um amor, me tratavam super bem e não faziam ideia do que eu passava com ele, éramos bem discretos e ele sempre colocou na minha cabeça que nossos problemas resolvemos sozinhos.
  Eu ja tinha perdido o controle de tudo, ate da minha vida, ele me xingava sem eu nem ter feito nada, me empurrava, ficava de conversa com outras meninas, não queria conhecer minha família, e me trancava no quarto com ele pra ficar massageando as costas dele, acariciando e servindo sei la do que. Não era mais uma relação de casal, parecia mais escravidão pra mim, mas eu ainda era apaixonada por ele, não podia perder "o cara mais requisitado das quebradas"- que bosta!

  Depois de um ano e meio eu ja conhecia todos os amigos, saia com ele para as festas mas ele sempre sumia, e eu ficava cercada de amigas dele, que na verdade encobriam ele enquanto beijava outras sem eu saber. Mas depois quem voltava com ele bêbado pra casa, fedendo e irritado era eu, sempre. O curso que eu cabulava pra ficar com ele acabou, comecei outro e conheci outras pessoas que tinha mais a ver com quem eu costumava ser antes desse relacionamento, e eu resolvi sumir uns dias da vida do cara, achei que ele não viria atras mesmo, não veio pessoalmente mas uma semana que não o vi, a mãe dele me liga dizendo que ele estava preso, foi meu desespero, fui correndo na casa dele, arrumava as coisas pra levar pra ele, dava uma força pra família, ja na outra semana chegou uma carta dele e basicamente dizia: Se você ficar com outra pessoa enquanto eu estiver preso eu vou saber e quando sair você me paga. Eu jurava que ia ler coisas de amor e saudade naquela primeira carta, mas não, e fiquei com muito mais medo do que ja estava, continuei ajudando a familia dele, e mesmo com medo me senti importante, achei que ele estava me protegendo que sentia minha falta, mesmo sem demonstrar nada disso, eu respondi feito uma tola aquela carta, cheia de palavras de amor e uns desenhos que eu fazia e que deve ser uma das poucas coisas que em que ele me elogiava, nas outras duas cartas ele foi mais amoroso pelo menos. Depois ele saiu, não ficou nem 3 meses la, tinha feito assalto a mão armada, mas a vitma não o reconheceu, na verdade reconheceu, mas foi ameaçado pelos caras do bairro e teve que mentir.

Continua.

terça-feira, 18 de agosto de 2015


Série de textos sobre relacionamentos abusivos

  Muitas ja devem ter ouvido falar sobre relacionamentos abusivos, porém nem todas entendem realmente do que se trata, por serem sutis no inicio, por serem visto nessa sociedade como normais, por medo, por vergonha. São muitos os motivos e tentaremos explicar muitas formas de identificá-lo e também nos disponibilizaremos a orientar via email a cada uma que se sentir a vontade de pedir ajuda. Caso você ja tenha vivido algum relacionamento assim e soube identifica-lo e colocou um fim nessa historia, não só com a namorada, namorado, mas também familiar, compartilha com a gente para servir de exemplo nos textos, sua identidade será mantida em sigilo e só utilizaremos o que permitir: mulheresemprimeiroplano@gmail.com.
Esperamos vocês toda quarta feira para leitura dos textos e compartilhamento de relatos para ajudarmos outras irmãs.